quinta-feira, 19 de abril de 2012

MOVIMENTO RECONSTRUÇÃO


UFPel democrática, transparente e de qualidade, comprometida com a transformação social

A UFPEL começou muito antes de tornar-se universidade, em 1969. A Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel criada em 1883 e as Faculdades de Medicina e de Direito, criadas no início do século XX, são as mais antigas unidades acadêmicas que hoje a integram. Em sequência, outras unidades isoladas foram sendo criadas e, assim, caminhamos. Durante quase um século, a UFPEL construiu-se de forma quase heroica, em meio a uma região que parava no tempo, presa a um modelo econômico e social atrasado que precisava ser superado. Ao longo desse tempo a universidade foi sacudida por conflitos gerados pela contradição entre o seu lugar e o seu tempo e as mudanças que o mundo experimentava.

Na década de 1980, o movimento estudantil e o movimento sindical irromperam na cena da universidade exigindo mudanças coerentes com um novo tempo que se anunciava. Enquanto a sociedade brasileira vivia uma disputa entre o velho, que prosseguia cambaleante, e o novo, que queria florescer, a UFPEL refletia essa conjuntura. Mas o novo finalmente vingou: em 1987 uma histórica mobilização, nascida das lutas dos movimentos organizados, garantiu um processo de eleições diretas para a Reitoria, levando à eleição e posse de um reitor comprometido com uma nova universidade: Amílcar Gigante, professor da Medicina, que derrotou nas urnas aqueles que defendiam a permanência da velha política, que tinham como principal referência outro médico: Antônio Cesar Borges.

Mas o mundo é dialético e a UFPEL também avança e retrocede. Enquanto avançávamos nas políticas internas, o Brasil retrocedia diante do nascente neoliberalismo dos anos 90, e não tardou para que o conservadorismo voltasse a administrar a universidade.

Por uma UFPel comprometida com seu tempo 
O mundo novo que experimentamos hoje, de crises e conflitos, exige uma universidade comprometida com o seu tempo: um tempo de reduzir as desigualdades sociais, de construir uma democracia efetiva, de democratizar o saber, de aproximar a universidade das demandas efetivas da população, de ter o conhecimento como uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento e para a transformação, para a superação da pobreza, para a paz e para a preservação do meio ambiente, para uma integração fraterna com nossos vizinhos latino-americanos. Tempos em que o conhecimento tem uma capacidade cada vez maior de libertar, e a universidade deve ter a coragem de participar da mudança que o mundo nos exige e no qual ela cumpre um papel central. Se esta mudança não avança no Brasil como ela deveria, nosso papel é, mais do que nunca, fazê-la avançar, porque também se trata da luta entre “o novo que quer nascer” e “o velho que não quer deixar”.

Assim como no Brasil, a luta entre o velho e o novo na UFPEL continua. Ela se expressa claramente através de uma “versão” equivocada do REUNI, implantado aqui com a cara da velha política conservadora, das demandas que se atendem em função de acordos e não de critérios; de processos que se resolvem por afinidades ou alianças pessoais e não por debates abertos e transparentes; por decisões que se tomam nos gabinetes e cafés e não nos organismos colegiados da universidade. 

Por um novo modelo de gestão
A ânsia por uma expansão física desordenada, sem critério e a qualquer custo, resulta numa UFPel às avessas do que propomos, em que faltam salas de aula, laboratórios, professores e técnico- administrativos; faltam bibliotecas, livros, estruturas adequadas para os RUs, campos de estágio, condições de transporte, moradia digna e suficiente. Hoje não existem critérios transparentes para a implementação do plano de carreira de técnico- administrativos, nem para a contratação e distribuição das vagas nos vários setores ou para o acesso aos programas de qualificação.  O questionamento e a contestação são respondidos com retaliação (quando então todas as demandas são ignoradas) ou pela política da clientela (“bem, eu consegui isto pra você; agora pare de reclamar sobre o resto e comece a me apoiar, senão...”). 

O modelo de gestão da atual administração prioriza a captação de recursos, independente das necessidades expressadas coletivamente, em detrimento da vitalidade democrática e da comunidade acadêmica. Hoje não há espaço para o equilíbrio de poderes, para o próprio espírito de serviço público, contrariando os valores que sustentam o desempenho do nosso trabalho: a imaginação, a curiosidade, o não-conformismo e a cooperação a serviço de todos. 
Democracia, mais do que uma palavra bonita
Já é hora de termos muito claro que democracia não é apenas uma ideia bonita. Um verdadeiro processo democrático e eficaz deve garantir transparência, justiça, diálogo, soberania e uma alocação de recursos e abertura de possibilidades baseados em critérios claros e respeitados por todos; enquanto a ausência da democracia é o terreno fértil para a incerteza, para as promessas que condicionam apoios e para as decisões de critérios opacos.   

O Movimento Reconstrução – pelas ideias, pelas práticas e, sobretudo, pela história daqueles que o compõem – representa o compromisso com a democracia que abre o espaço para a expressão transparente de todos aqueles que querem construir uma UFPEL em acordo com o seu tempo. Trata-se, portanto, de construir mecanismos e fóruns mais amplos e representativos de decisão, que privilegiem o trabalho acadêmico de qualidade e o compromisso social, a partir da discussão permanente de sua condição presente e de um projeto de futuro construído coletivamente.

É fundamental rever o estatuto e o regimento da UFPel, datados de 1969, e construir, com a participação efetiva de todos os segmentos, um novo ordenamento legal para a universidade, que consiga atender aos interesses do ensino, da pesquisa e da extensão. Queremos um planejamento participativo, que dê transparência e difusão aos dados referentes à gestão universitária, garantindo que a representação dos diversos setores possa pensar a universidade como um todo, e não apenas a partir das demandas particulares de cada unidade.

É preciso trabalhar no sentido de atender às necessidades de estudantes, servidores docentes e técnico-administrativos, conectando-as de forma social e estruturalmente responsável à necessária expansão qualificada do ensino superior. É necessário construir condições adequadas para a pesquisa e a extensão, valorizando-as como atividades acadêmicas indispensáveis à formação e vinculando-as às crescentes demandas sociais por conhecimento e tecnologia.

Porém, mais que tudo, é preciso transitar de uma cultura de desconfiança e de competição para uma cultura de transparência e de cooperação. Conforme as palavras do Reitor Amilcar Gigante, "uma universidade pode ser afetada por vários tipos de pobreza. Não pode jamais ser pobre de esperança, carente de ousadia, desprovida de vontade”. 

Chegou a hora de reconstruirmos, coletivamente, a trajetória de uma UFPel para o presente. Um lugar na fronteira de seu tempo, retomando a esperança de um espaço de alegrias, de convívio, de solidariedade e de excelência acadêmica, de uma universidade democrática, com dignidade e felicidade no estudo e no trabalho. 

Movimento Reconstrução
Chapa Reconstruir - UFPel 2012

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