quinta-feira, 19 de abril de 2012

A UFPEL PEDE CORAGEM! PEDE, COM URGÊNCIA, RECONSTRUÇÃO!

Faltam menos de 60 dias para marcarmos o FIM da Era César!


 Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.
[A indiferença – Bertold Brecht (1898-1956)]


 Os 20 anos da Era César tornaram impossível, para alguns, movimentar-se. Desapareceu de grande parte daqueles e daquelas que historicamente buscavam construir coletivamente nossa Universidade as ideias de ousadia, de inquietude, de não se contentar às promessas de gabinete, às salas fechadas, aliás pequenas, aliás insuficientes, aliás muitas sequer existem, nesta universidade que não possui de água a laboratórios, e muito menos centros de convivência, de arte, esporte, debates públicos sobre o que somos e pra onde vamos.

Se o movimento da educação, na década de 80, conseguiu eleger o Prof. Amílcar Gigante, contra este mesmo César que hoje coleciona processos judiciais e administrativos por improbidade administrativa, não foi simplesmente porque tinha algumas pessoas que, individualmente, possuíam o "mérito da honestidade e da competência" necessários para resolver nossos problemas. Mais do que isso, o movimento possuía, coletivamente, a coragem e o encantamento com o que nossa Universidade poderia - e ainda pode - ser.

Hoje, predomina na maioria dos sujeitos da comunidade universitária uma ideia individual(ista) de buscar na "Magnificiência" superior, dotada de todo o poder, a oportunidade de mudarem as coisas. Contudo a lógica de construir a Universidade por "partes", umas mais privilegiadas do que outras, coloca uns sujeitos da comunidade universitária contra outros, e falsamente gera a sensação de satisfação naqueles que percebem os problemas "das suas unidades" resolvidos. É isso que o atual modelo de administração produz, afinal: docentes, técnicos e estudantes competentes, com anseios sinceros, que se adaptam, desesperançados, à lógica da competição em um local que deveria, por princípio, multiplicar cooperação.

Não nos propomos a salvar ninguém deste panorama. Mauro Del Pino, Carlos Mauch, Denise Gigante ou Gilson Porciúncula, como Professores, pesquisadores, militantes do movimento da educação, nunca disseram-se "salvadores". A identidade que une quem está em volta da Reconstrução não é um conjunto de "méritos", mas de lutas; não é um exagero de "títulos", mas de vitórias e derrotas de quem, coerentemente, esteve sempre ao lado da comunidade universitária e dos movimentos sociais, da década de 80 até nossos dias. 

Temos pouco mais de um mês para modificar a ordem que se perpetua em nossa Universidade há décadas. Um pouco mais de um mês para nos permitirmos pensar e agir para além do individual, do que "é melhor pra mim", e possibilitar um novo ambiente em nossa Universidade, propício à igualdade, à voz, ao debate coletivo, franco e aberto, com vistas à resolução de nossos problemas. A cada dia que passa contamos com um dia a menos de clientelismo e política de favores em nossa universidade. Um dia a menos, também, para protagonizarmos essa mudança, que, não acontecendo, perpetuará mais quatro anos de desesperança e silêncio na UFPEL.

Esta candidatura é, enfim, uma provocação. Um chamado à luta concreta, à transformação real, à protagonização do acordar da UFPEL para um novo tempo: um tempo de construção coletiva, de transparência e democracia administrativa, de pluralidade. Um tempo em que o silêncio não será mais medo e a voz não será mais suplício. Um tempo de esperança, de coletividades e de transformação!

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