sábado, 16 de junho de 2012

Que vergonha, César Borges: Corretor afirma que reitor negociou terrenos diretamente com empresas


O grande descaso com a UFPel mais uma vez tem se mostrado através da administração atual. O Reitor César Borges terá de explicar ao MPF a transação envolvendo área às margens do São Gonçalo. 
O Movimento Reconstrução busca mudanças nesta triste realidade que impera na UFPel.

É esta a UFPel que você quer?

Confira mais uma notícia colocando a UFPel na página policial. Fonte: ZH



O reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Antônio César Borges, teria negociado diretamente junto a empresas privadas os dois terrenos de cinco hectares que se tornaram alvo de investigação do Ministério Público Federal e de auditores da União. A versão contraria os documentos apresentados até agora, que sugerem a seguinte ordem nas transações: a compra dos imóveis pertencentes às empresas pela Fundação Simon Bolívar (vinculada à própria universidade) e a imediata revenda, num valor 17 vezes maior, para a UFPel.

A informação é do corretor de imóveis Alceu Cheuiche Filho, que diz ter intermediado a venda. Ele é o mais novo personagem envolvido na polêmica compra de terrenos pela universidade. Zero Hora localizou Cheuiche Filho na tarde de terça-feira. Em entrevista, ele disse que a UFPel teria adquirido os terrenos da Ruluvi Participações Ltda e Montebelluna Participações Ltda.
- Da janela da sala, ele (o reitor da UFPel, Antônio César Borges) me mostrou o terreno e disse: "quero que isso aqui tudo vire sala de aula". O César (Borges) não queria contato direto com os empresários por isso eu intermediei as negociações, falava com um e com o outro - revelou Cheuiche a ZH.

Aos 70 anos, o corretor decidiu falar porque se diz prejudicado. Pela sua versão, um dia antes de as partes acertarem a venda, Cheuiche foi retirado da transação e, portanto, não teve direito a comissão.
Independentemente do que o motiva, a versão de Cheuiche traz elementos novos para o Ministério Público Federal (MPF), que investiga o caso na esfera cível, e para auditores do Ministério da Educação (MEC) e da Controladoria Geral da União (CGU), envolvidos na apuração administrativa. Se toda negociação ocorreu diretamente com as empresas, por que a Simon Bolívar aparece na transação?

Caso a versão de Cheuiche esteja correta, o dinheiro liberado pelo MEC, que se supunha estivesse com a fundação, terá ido para empresas privadas. As duas empresas mencionadas pelo corretor não negam e nem confirmam a sua versão. Preferem o silêncio.
- Os representantes das empresas não têm interesse em se manifestar porque não receberam nenhuma notificação do Ministério Público Federal ou de qualquer outro órgão fiscalizador. As empresa também não têm informações do negócio (venda dos terrenos por R$ 12,3 milhões) envolvendo a universidade e a Fundação Simon Bolívar. As empresas só tomaram conhecimento pelos jornais - diz Marcelo Maximilian, advogado das empresas Ruluvi Participações LTDA e Montebelluna Participações LTDA.

Como tem feito desde a primeira reportagem publicada sobre o tema, na quinta-feira passada, Zero Hora procurou Borges. O reitor, mais uma vez, não deu retorno aos telefonemas.
A seguir, uma síntese da entrevista com o corretor Cheuiche, que atua há cinco décadas no mercado pelotense:

Zero Hora — Que envolvimento o senhor teve nas negociações de compra e venda do terreno?

Alceu Cheuiche Filho — Eu fui o pivô dessa história, sabia que o César Borges tinha interesse no terreno e o procurei. Era início de dezembro do ano passado, conversamos no prédio da reitoria: eu, ele, o chefe de gabinete e o vice-reitor. Da janela da sala, ele me mostrou o terreno e disse: "quero que isso aqui tudo vire sala de aula". O César (Borges) não queria contato direto com os empresários por isso eu intermediei as negociações, falava com um e com o outro.

ZH — Como se deu essa negociação?

Cheuiche — Eu fui até Porto Alegre, conversei com Rui Toniolo, que é o representante das empresas Ruluvi Participações Ltda. e Montebelluna Participações Ltda.(os dois grupos envolvidos na transação). Ele assinou uma procuração para que eu me tornasse oficialmente o mediador da compra. Nesse documento, que tem data de 14 de dezembro, o valor mínimo autorizado para a venda era de R$ 10 milhões. Depois, ainda teve um ajuste de valor e eles me passaram uma nova procuração, em janeiro, com o preço mínimo de R$ 13,8 milhões.

ZH — E o senhor repassou esses valores para o reitor César Borges?

Cheuiche — Sim, mas ele não queria pagar tudo isso. Ele disse que tinha pouco menos de R$ 8 milhões em caixa, que já havia sido repassado pelo Ministério da Educação. Não tinha acordo entre uma parte e a outra. Até que no início de fevereiro a Fundação Simon Bolívar, em uma tentativa de pressionar o Rui para que ele baixasse o preço, entrou com uma ação judicial pedindo a retomada da área.

ZH — Qual foi o desfecho das negociações?
Cheuiche — Eu fui cortado das negociações ao apagar das luzes. Recebi uma notificação no dia 14 de março (véspera do contrato de compra e venda ser fechado) com a informação da dispensa do meu serviço e a procuração que eu tinha, a partir daquele momento, passou a não ter mais validade.

ZH — Por que a universidade não comprou oficialmente os terrenos das empresas?
Cheuiche — Eu não sei. Mas tenho certeza os terrenos não foram entregues por R$ 700 mil. Dias antes, queriam R$ 13,8 milhões. O mais estranho é que no mesmo 15 de março, a fundação desistiu da ação que movia contra as empresas representadas por Rui Toniolo.

ZH — O senhor acredita que tenha havido um acordo entre UFPel, fundação e investidores?
Cheuiche — Com certeza, deve existir um contrato de gaveta entre eles. Universidade e os investidores não se acertavam, Rui Toniolo sempre dizia que se não envolvesse valores ele não faria o negócio. Por que quando o MEC mandou desfazer o negócio a Fundação devolveu só R$ 2,8 milhões? É bem provável que o restante desse dinheiro esteja com as empresas. Eu procurei o César Borges na reitoria, depois que fiquei sabendo do negócio, e ele não me recebeu.
Entenda o caso

O NEGÓCIO

A UFPel comprou um terreno de cinco hectares da Fundação Simon Bolívar, ONG idealizada pelo reitor Antônio César Borges e vinculada à universidade. O terreno havia sido adquirido pela ONG no dia 15 de março, horas antes de ser negociado com a universidade.

OS VALORES

Conforme revelam matrículas de registro de imóveis e uma certidão de imóveis obtidas por ZH, a Simon Bolívar pagou R$ 700 mil pelos dois terrenos e os revendeu, no mesmo dia, por R$ 12,2 milhões para a UFPel.

OS PAGAMENTOS

O MEC liberou R$ 7,4 milhões para a UFPel comprar o imóvel. No dia 27 de março, após entender que a transação era ilegal, o MEC exigiu que o negócio fosse desfeito e ordenou a devolução do dinheiro. Dos R $ 7, 4 milhões, R$ 2,8 milhões foram devolvidos ao erário. A liberação de R$ 4,9 milhões, prevista para abril, foi cancelada pelo MEC. O dinheiro seria utilizado para finalizar a compra. A fundação precisara devolver, ainda, R$ 4,9 milhões.

A NEGOCIAÇÃO

O corretor de imóveis Alceu Cheuiche Filho revelou a Zero Hora que foi contrato, em dezembro de 2011, para intermediar a venda dos terrenos. Cheuiche atuou como corretor no negócio até 14 de março, um dia antes da venda. A versão de Cheuiche apresenta elementos novos no quebra-cabeça que se constitui a ainda nebulosa aquisição das áreas pela UFPel. Pelo relato de Cheuiche, o reitor Antônio César Borges negociou a aquisição dos terrenos diretamente com os empresários proprietários da área.

A INVESTIGAÇÃO


O caso é apurado, na esfera cível, pelo MPF, e, desde ontem, pelo MEC e pela Controladoria Geral da União (CGU).

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